Por Fernando Costa Netto
Há 40 anos, em 1971, terminava um dos mais importantes ciclos da imprensa popular brasileira com o fim do jornal Última Hora. Com Samuel Wainer visto como comunista pelo regime militar, o jornal começou a definhar em 1964 com o golpe até ser vendido 7 anos depois. Na realidade, 1971 é a data do “fim prático” do UH, embora o jornal tenha resistido mais alguns anos nas mãos dos novos donos, o Grupo Folha da Manhã.
Vinte anos antes disso, em 1951, com o nascimento do projeto de Wainer, os jornais e o fotojornalismo brasileiro nunca mais foram os mesmos. A partir desta data os diários sisudos, textuais e dirigidos às classes privilegiadas da sociedade brasileira perderam espaço para uma revolução popular e ilustrada por este grande homem da imprensa brasileira, um dos maiores jornalistas do século XX, bancado por ninguém menos que o presidente Getúlio Vargas. O UH trouxe a cor ao jornalismo de jornal, passou a adotar uma linha editorial que interessava à maioria da população e investiu forte no futebol e na linguagem fotográfica, mudando para sempre o que se conhecia como fotojornalismo no Brasil. Nesta guinada de conceitos, também ganharam espaço os fotógrafos, até então profissionais de segunda classe nas redações. Foi Wainer quem criou o fotógrafo mensalista, que recebia por mês, registrado em carteira pela CLT. Antes disso só se ganhava por “chapa”, como era tratada a foto antigamente.
A linguagem do Última Hora era empolgada, ágil. Tinha manchetes de impacto e o jornal apostava em temas que a grande imprensa da época minimizava, como futebol, polícia e direitos do consumidor. O UH teve vendas avassaladoras nos anos 50. No dia do suicídio de Vargas, em 1954, por exemplo, vendeu 800 mil exemplares.
Em 1958, acompanhados por repórteres da sucursal do Rio do UH, o Brasil levou até os campos da Europa seu melhor time de futebol para a sexta edição da Copa do Mundo.
Naquele ano, apareceu jogando pelo Brasil, aquele que seria considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. As imagens, tanto do Rei quanto todas as de futebol daquela até os anos 70 são documentos raros da imprensa brasileira. Pelos milhares de fotogramas do arquivo do UH, há inúmeros registros de um futebol lindo em preto e branco, planos refinadíssimos, quadros muito apurados tecnicamente e de grande versatilidade e precisão, que subsidiaram grandes primeiras capas. Na primeira década de atividade do UH, nada foi produzido em 35 mm. Mesmo mais tarde, ainda havia resistência na redação ao formato considerado mais descartável e de qualidade inferior, da mesma forma como há alguns anos também se torceu o nariz para a passagem da película para a fotografia digital. Naquela época não havia motordrive, as imagens eram feitas uma a uma e os filmes eram “lentos”. Se pelo lado técnico os profissionais de fotografia eram limitados, o acesso que esses novos heróis da imprensa tinham com os jogadores e no campo era irrestrito. Nas páginas do UH há momentos de grande intimidade do jornal com os craques brasileiros, cenário impensado hoje em dia.
Vinte anos antes disso, em 1951, com o nascimento do projeto de Wainer, os jornais e o fotojornalismo brasileiro nunca mais foram os mesmos. A partir desta data os diários sisudos, textuais e dirigidos às classes privilegiadas da sociedade brasileira perderam espaço para uma revolução popular e ilustrada por este grande homem da imprensa brasileira, um dos maiores jornalistas do século XX, bancado por ninguém menos que o presidente Getúlio Vargas. O UH trouxe a cor ao jornalismo de jornal, passou a adotar uma linha editorial que interessava à maioria da população e investiu forte no futebol e na linguagem fotográfica, mudando para sempre o que se conhecia como fotojornalismo no Brasil. Nesta guinada de conceitos, também ganharam espaço os fotógrafos, até então profissionais de segunda classe nas redações. Foi Wainer quem criou o fotógrafo mensalista, que recebia por mês, registrado em carteira pela CLT. Antes disso só se ganhava por “chapa”, como era tratada a foto antigamente.
A linguagem do Última Hora era empolgada, ágil. Tinha manchetes de impacto e o jornal apostava em temas que a grande imprensa da época minimizava, como futebol, polícia e direitos do consumidor. O UH teve vendas avassaladoras nos anos 50. No dia do suicídio de Vargas, em 1954, por exemplo, vendeu 800 mil exemplares.
Em 1958, acompanhados por repórteres da sucursal do Rio do UH, o Brasil levou até os campos da Europa seu melhor time de futebol para a sexta edição da Copa do Mundo.
Naquele ano, apareceu jogando pelo Brasil, aquele que seria considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. As imagens, tanto do Rei quanto todas as de futebol daquela até os anos 70 são documentos raros da imprensa brasileira. Pelos milhares de fotogramas do arquivo do UH, há inúmeros registros de um futebol lindo em preto e branco, planos refinadíssimos, quadros muito apurados tecnicamente e de grande versatilidade e precisão, que subsidiaram grandes primeiras capas. Na primeira década de atividade do UH, nada foi produzido em 35 mm. Mesmo mais tarde, ainda havia resistência na redação ao formato considerado mais descartável e de qualidade inferior, da mesma forma como há alguns anos também se torceu o nariz para a passagem da película para a fotografia digital. Naquela época não havia motordrive, as imagens eram feitas uma a uma e os filmes eram “lentos”. Se pelo lado técnico os profissionais de fotografia eram limitados, o acesso que esses novos heróis da imprensa tinham com os jogadores e no campo era irrestrito. Nas páginas do UH há momentos de grande intimidade do jornal com os craques brasileiros, cenário impensado hoje em dia.
Todo o acervo do Jornal Última Hora foi digitalizado pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo e pode ser acessado no http://www.arquivoestado.sp.gov.br/uhdigital
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