THIS IS NOT PORN !

Conheça o "This is not porn". Um blog cheio de imagens históricas para passar horas.
Aqui vão algumas delas.
George Lucas com R2-D2

Charlie Chaplin e Albert Einstein

Alice Cooper e Salvador Dali

Andy Warhol e John Lennon

Muhammad Ali e Sammy Davis Jr

A REVOLUÇÃO DE 51

Por Fernando Costa Netto

Há 40 anos, em 1971, terminava um dos mais importantes ciclos da imprensa popular brasileira com o fim do jornal Última Hora. Com Samuel Wainer visto como comunista pelo regime militar, o jornal começou a definhar em 1964 com o golpe até ser vendido 7 anos depois. Na realidade, 1971 é a data do “fim prático” do UH, embora o jornal tenha resistido mais alguns anos nas mãos dos novos donos, o Grupo Folha da Manhã.

Vinte anos antes disso, em 1951, com o nascimento do projeto de Wainer, os jornais e o fotojornalismo brasileiro nunca mais foram os mesmos. A partir desta data os diários sisudos, textuais e dirigidos às classes privilegiadas da sociedade brasileira perderam espaço para uma revolução popular e ilustrada por este grande homem da imprensa brasileira, um dos maiores jornalistas do século XX, bancado por ninguém menos que o presidente Getúlio Vargas. O UH trouxe a cor ao jornalismo de jornal, passou a adotar uma linha editorial que interessava à maioria da população e investiu forte no futebol e na linguagem fotográfica, mudando para sempre o que se conhecia como fotojornalismo no Brasil. Nesta guinada de conceitos, também ganharam espaço os fotógrafos, até então profissionais de segunda classe nas redações. Foi Wainer quem criou o fotógrafo mensalista, que recebia por mês, registrado em carteira pela CLT. Antes disso só se ganhava por “chapa”, como era tratada a foto antigamente.

A linguagem do Última Hora era empolgada, ágil. Tinha manchetes de impacto e o jornal apostava em temas que a grande imprensa da época minimizava, como futebol, polícia e direitos do consumidor. O UH teve vendas avassaladoras nos anos 50. No dia do suicídio de Vargas, em 1954, por exemplo, vendeu 800 mil exemplares.

Em 1958, acompanhados por repórteres da sucursal do Rio do UH, o Brasil levou até os campos da Europa seu melhor time de futebol para a sexta edição da Copa do Mundo.

Naquele ano, apareceu jogando pelo Brasil, aquele que seria considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. As imagens, tanto do Rei quanto todas as de futebol daquela até os anos 70 são documentos raros da imprensa brasileira. Pelos milhares de fotogramas do arquivo do UH, há inúmeros registros de um futebol lindo em preto e branco, planos refinadíssimos, quadros muito apurados tecnicamente e de grande versatilidade e precisão, que subsidiaram grandes primeiras capas. Na primeira década de atividade do UH, nada foi produzido em 35 mm. Mesmo mais tarde, ainda havia resistência na redação ao formato considerado mais descartável e de qualidade inferior, da mesma forma como há alguns anos também se torceu o nariz para a passagem da película para a fotografia digital. Naquela época não havia motordrive, as imagens eram feitas uma a uma e os filmes eram “lentos”. Se pelo lado técnico os profissionais de fotografia eram limitados, o acesso que esses novos heróis da imprensa tinham com os jogadores e no campo era irrestrito. Nas páginas do UH há momentos de grande intimidade do jornal com os craques brasileiros, cenário impensado hoje em dia.


Todo o acervo do Jornal Última Hora foi digitalizado pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo e pode ser acessado no http://www.arquivoestado.sp.gov.br/uhdigital






10 anos sem NP

 


NADA MAIS QUE A VERDADE
“Às vezes acordo a minha mulher aos gritos: passa a bola, Dorval!” entregou o Pelé, numa entrevista para a Playboy em 2005. Acho que foi isso. Como essa do Rei, outras frases também marcaram o ser humano para sempre! Uma que eu curto, remete a um tipo de jornalismo, aliás, muito praticado hoje em dia e foi expectorada por Einstein: “se os fatos não se adequam à teoria, mude os fatos”... Uma maravilha! Na imprensa brasileira o grupo de 5 palavras mais marcante dos últimos 50 anos foi e será “Nada mais que a Verdade”, conceito do glorioso e único jornal do país 100% desembargado pelos donos negócio, o Notícias Populares - 1963 – 2001. Ali, naquele quinto andar da rua Barão de Limeira, em SP, não tinha frescura [nem ar condicionado]: era pisar na bola e virar manchete. De preferência, bem cabeluda. Podia ser qualquer cidadão, FHC, então presidente da República, o apaixonado por mocinhas e travecos Ronaldo Fenônemo, o mamaezão do Salgadinho do Katinguelê, o traficante de drogas do Ângela que eu não lembro mais o nome, o delegado de polícia que maquiava o número de chacinas na perifa para livrar a cara [1997 – 2000 foi o período mais violento da história da cidade] os vigaristas do Congresso Nacional... quem fosse. Para a geração da segunda metade dos 90 que acompanhou de perto o noticiário paulistano no NP, este é um registro legítimo. Mas nem todos podem concordar. Passados 10 anos do encerramento das atividades editoriais do jornal, tudo é uma grande e maravilhosa memória. E é em homenagem ao pequeno e jovem exército do Notícias Populares e aos 10 anos do fim do maior jornal popular da história da república, que a gente reproduz aqui algumas primeiras páginas com manchetes que fizeram parte do nosso dia-a-dia e do cotidiano da periferia de São Paulo.
Eu sou Fernando Costa Netto, 51, editor-chefe do NP entre os anos 1997 e 2000.



RETRATOS DA EXCLUSÃO

Em 1997, a fotografia do NP era uma área abandonada, muito tímida. O editor, para se ter uma ideia, era um cara de arte que nunca tinha ouvido falar no filme TRI X! Com o aval do meu chefe Otavio Frias Filho, em alguns meses a foto ganhava 1998 com outro status, o de editoria. Foi a partir daí que repórteres e fotógrafos do jornal ficaram mais íntimos, no mesmo patamar profissional e rapidamente a molecada das Nikon analógicas adquiriu asas e saiu voando alto. Florido, Rafael Jacinto, Márcio Fernandes, Joel Silva, Alexandre Ermel, Shin Shikuma, Rogerio Lacanna, José Maria da Silva entre outros começaram a dar enorme subsídio estético às páginas do jornal e também aos repórteres Helio Santos [ícone] aos especiais Décio Galina e Tognolli, ao monstro André Caramante, ao Marcos Sérgio Silva, aos editores Marcos Nogueira e Marcelo Orozco, aos secretários Paulão e Zé Vicente...  Da nova editoria comandada pelo Flávio Florido, que atualmente dirige a fotografia do UOL, algumas capas, alguns cadernos sobre a carnificina, começavam a apresentar um tipo de linguagem diferente sobre a violência em SP, sem flash e buracos de bala. Este é um capítulo a parte sobre tudo isso, uma tentativa que havia sido tentada poucos anos antes com a Marlene Bergamo e que não sei bem por que não levado adiante. Dessa geração 97 – 00 poucos foram os que baixaram a guarda e se recolheram. A maioria está brilhando por aí. [FCN]




O FANTASMA DAS BANCAS
Os jornaleiros pareciam não acreditar quando penduraram na lateral das bancas a última edição do Notícias Populares, em 26 de janeiro de 2001. Seria difícil dizer adeus à polêmica, aos cadáveres, às mulheres nuas e ao bom humor de todas as manhãs. Mas os quase 40 anos de personalidade ousada, impactante e incômoda não deixaram que o NP saísse de cena definitivamente. Sua presença ultrapassou a simples exposição de uma edição em papel no balcão. Não importa quanto tempo tenha passado do encerramento da publicação, sempre haverá aqueles que continuarão ignorando o fato de que o periódico foi fechado. Esses seguem com a certeza de que o velho “jornal do trabalhador” está lá, expondo suas manchetes ferinas e fotos provocantes. E, apavorados, continuarão fugindo dele. A punhalada final apenas reforçou a imagem do NP de mito do jornalismo brasileiro. Seu fantasma continua rondando as bancas, assombrando a ordem que os jornais tidos como sérios e éticos procuram artificialmente criar. Enquanto várias publicações precisam de panelas, Bíblias e fascículos para ser escoadas, o Notícias Populares, desencarnado há tempos, permanece em posição de destaque na lembrança dos leitores. Por isso, fica a inevitável pergunta: o jornal vai ressuscitar um dia? Improvável. Uma possível venda da marca, apesar de trazer cifrões para a Folha, também resgataria os supostos dilemas éticos que foram usados como justificativa para o assassinato do NP. Não é difícil imaginar que a marca ficará sepultada para sempre nas catacumbas da Barão de Limeira. Aos velhos e fiéis leitores, a lembrança é tudo o que resta. Descanse em paz, Notícias Populares.
Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani, Maik Rene Lima, jornalistas e autores do livro Nada Mais que a Verdade – A extraordinária história do jornal Notícias Populares (Summus Editorial)






Publicidade da Agencia Loducca depois do fim do jornal


Lee Friedlander, America by Car

Lee Friedlander, por Richard Avedon
O velhinho master, hoje com 77 anos, viajou de 1995 a 2009 fotografando os Estados Unidos de dentro de diversos carros alugados.
De norte a sul, de leste a oeste, Lee Friedlander protagonizou uma das maiores road trips da história da fotografia de todos os tempos.
O livro America by Car pode ser comprado ou encomendado na Freebook, SP.www.freebook.com.br / Rua da Consolação, 1924, (11) 5189-0577.